quinta-feira, 5 de junho de 2008

É assim que se fala! A cidade e a cidadania pedem a palavra!


Por Pedro Alves

Aos sete anos de idade e alguns dentes-de-leite moles, um garoto da favela acumulava contos, letras de músicas, poesias e versos. A responsabilidade veio à tona. O garoto se incorporou à classe trabalhadora. Foi balconista, vendedor de vassouras e arquivista. Mas não durou muito. Percebeu que seu “negócio” era escrever.

Um dia foi com um amigo na Galeria do Rock no subsolo onde só tinha Rap e foi o maior desespero. “Como alguém pode comprar música falando da favela, eu odeio viver desse jeito, como vou escutar isso?”. Mal sabia ele que suas prosas, versos e letras de músicas estariam estampadas ali, na sessão de Rap, representando o seu protesto, a voz da periferia, a voz do Rapper Ferréz .

Ferréz, uma mistura de Virgulino Ferreira (Ferre) e Zumbi dos Palmares (z), além de rapper, é um grande escritor da nova geração e o maior representante da literatura marginal no Brasil. Autor de Capão Pecado, Ninguém é Inocente em São Paulo e muitos outros livros, Ferréz representa com uma prosa ágil e seca a revolta das periferias e de seus habitantes na busca por dignidade.

“Vamo que vamo que a firma não pode parar” e o escritor/rapper não pára. Ferréz agora atinge as telas lançando o documentário: Ferréz / Literatura e Resistência pelo selo Literatura Marginal e 1dasul fonográfica. O documentário conta a trajetória de Ferréz nas “quebradas” por onde passou mostrando suas palestras e intervenções em shows, além da participação de outros artistas que estão juntos com ele na luta como: Chico César, Eduardo(Facção Central) e Lobão .

A palavra da revolta, da poesia, da dignidade que falta nas periferias, da fome que teima em permanecer nas favelas, a palavra do Rap é gritado por Ferréz na batida forte para toda burguesia:

“– Voltei e estou armado!”

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