Por Lucas Silva
“Realmente é muita coragem expor tantas idéias absurdas com tanta prolixidade inútil em cima de todos os trabalhos que sua pessoa tem se achado com competência suficiente para criticar.” Vina Torto*“(...)vou preferir ter o prazer de ser analisada pelo talento indiscutível da sua pena cruel e raramente doce...” Antônia Amorosa** Acompanho semanalmente as publicações do caderno Cultura, do semanário Cinform. E uma coluna me chama atenção:
Comqueroupa. É uma coluna de crítica musical, escrita e assinada pelo estudante de comunicação social da UFS, Igor Matheus.
Pois bem. Em cada publicação o colunista trata de analisar criticamente uma obra musical produzida por algum artista sergipano. E mais: atribui-lhe uma nota; sua nota, é claro. Por quanto não se pretende ser aceito por todos.
Até aí, nada que possa comprometer alguém, que na posição de crítico, debruce-se sobre uma obra para analisá-la. Mas acontece que o jovem crítico tem dado o que falar por suas críticas; consideradas ácidas e muitas vezes ofensivas.
Isso tem sido necessário para estabelecer um debate acerca da produção fonográfica sergipana. Muitos dos artistas que tiveram alguma obra sua criticada por Igor Matheus, e por ele teve uma nota atribuída, digamos baixa, não aceitaram de pronto e partiram para a revanche. Responderam aos artigos do crítico dirigindo-se diretamente a pessoa do escritor, levando o debate para o lado pessoal, quando deveriam, não aceitando serem criticados, debater com o jovem moço os pontos com os quais discordaram.
Consta em uma das critica que o arranjo da segunda faixa da obra de fulano de tal não foi bem composto porque o teclado que se ouve ao fundo foge do tom central da melodia, causando uma desarmonia... Como resposta, recebe criticas a sua pessoa por estar, segundo pensam seus contestadores, de alguma forma causando prejuízo à cultura sergipana, em particular à música.
O que acontece na verdade é uma incompreensão, penso eu, do papel exercido por este novo crítico que a cultura sergipana vem a conhecer. Alguns casos beiram à intolerância, quando não a explicita; isso da parte dos que respondem ao crítico.
Cabe a um crítico, seja ele de que área for, ter embasamento suficiente para analisar esteticamente uma obra. Mas, fica para um resenhista a tarefa de apresentar estas obras ao público, e sem o devido cuidado de uma análise profunda.
Essa diferença se estabeleceu nos cadernos culturais brasileiros num processo de transição ao longo dos anos, ou seja, o crítico cedeu espaço para o resenhista. Porém, acontece que em Sergipe Del Rey a classe musical não está sabendo fazer a devida diferenciação entre ambos os papéis. E acabam por denegrir a imagem de um escritor, que com talento, está a incomodar muitos artistas, que consideram critica um termo pejorativo.
Não conhecendo Igor, e portanto não estando seguro de suas pretensões como crítico musical, sou levado a concluir que a polêmica que causa com seus textos se faz mais que necessário para dar uma boa sacudida na discussão de temas da nossa cultura. Seu texto consegue fazer provocações, o que por si só, já desperta atenção e causa estímulo ao debate.
Entretanto, há também outro lado. Muitos são também os textos de apreço. Pessoas que de certo modo sentiam necessidade de tal leitura, ou que se mantinham caladas, com opiniões parecidas, porém não assumidas. Enfim, são diversas as opiniões manifestadas acerca da coluna
Comqueroupa.
Igor Matheus. Polêmico e de boa pena. Um debate se formou e as opiniões estão circulando a solta.
*Coluna publicada no
Cinforme Online em 21/06/2008 intitulada “Ao Dr. Crítico musical”. (Texto em resposta a coluna
Comqueroupa)
** OPINIÃO PESSOAL – O Tejo ‘marromeno’ de minha Aldeia. Caderno Cultura & Variedades. Página 3. Edição 1316 do jornal Cinform de 30/06 a 06/07 de 2008. (Texto em resposta a coluna
Comqueroupa)