domingo, 20 de julho de 2008

A “Nova” Gnomonia: em que você se encaixa?

Por Natália Vasconcellos

Neste mês de julho, entre os dias 2 e 6, aconteceu a FLIP 2008 (Festa Literária Internacional de Paraty), onde o jornalista e biógrafo Humberto Werneck lançou O Santo Sujo – A vida de Jayme Ovalle (Ed. CosacNaify).

A biografia deste extraordinário paraense modernista é dotada de causos curiosos a cerca da vida e obra do “místico Ovalle”. Um personagem nada comum e esquecido na história e nos renomes da cultura brasileira, mas que influenciou pelo menos três gerações, segundo Vinícius de Moraes – seu grande admirador e seguidor da “nova filosofia do conhecimento do universo”, a Nova Gnomonia.

Além de Vinícius, tinha como amigos e grandes influenciados pelo mesmo pensamento nomes como os de Manuel Bandeira – que registrou a Nova Gnomonia em crônica do seu livro
Crônicas da província do Brasil (1937) –, Otto Lara Rezende, Augusto Frederico Schmidt, Sérgio Buarque de Holanda, Villa-Lobos, Gilberto Freyre, Fernando Sabino, Di Cavalcanti e Carlos Drummond de Andrade.

A Nova Gnomonia, classificação dos tipos humanos em 5 categorias, se tornou uma febre entre as conversas dos intelectuais na época e sucessores. Filosofia que se define, basicamente, assim, denominada cada categoria por um ‘anjo padroeiro’:

Exército do Pará
Werneck: “O tal do Exército do Pará, explicou Ovalle ao poeta (Bandeira), era formado por ‘esses homenzinhos terríveis que vêm do Norte para vencer na capital da República’ (...) a categoria é território de sujeitos ‘habilíssimos, audaciosos, dinâmicos’ que visam, ‘primeiro que tudo, o sucesso material, ou a glória literária, ou o domínio político’”.

Dantas (anjo: o diplomata San Thiago Dantas)
Bandeira: “homens de ânimo puro, nobres e desprendidos, indiferentes ao sucesso na vida, cordatos e modestos, ainda quando tenham consciência do próprio valor”. Exemplos: o Barão de Itararé e São Francisco de Assis.

Kernianos (anjo: o jornalista Ari Kerner Veiga de Castro)
"Indivíduos de bom coração”, explica Bandeira, “capazes de grandes sacrifícios pelos outros, deixam-se no entanto arrastar às vezes à prática dos atos mais condenáveis, não por maldade, mas por um impulso irresistível de cólera”. Kernianos: D. Pedro I e o poeta Byron.

Morzalescos (anjo: o escritor cearense Francisco Mozart do Rego Monteiro)
Bandeira: “São pessoas que se exprimem ou obram de molde a fornecer aos que os observam uma impressão de coisas consideráveis, ao que todavia não corresponde o conteúdo de suas palavras ou de suas ações”.

Onésimos (anjo: o advogado Onésimo Coelho)
“ O drama íntimo dos onésimos é não sentirem entusiasmo por nada, não encontrarem nunca uma finalidade na vida”. Em situações de responsabilidade, porém, atuam “com o mais inflexível senso de dever”. São onésimos Gilberto Freyre e Heine.

*A Gnomonia admite a transição de uma categoria para outra, porém com traumas.

A coisa mais Dantas: a primeira lua nova quando fica pertinho de Vênus.
A coisa mais Pará: aliança de diamantes.
A coisa mais Mozarleca: Dom Pedro II.
A coisa mais Kerniana: pintinhos saindo do ovo.
A coisa mais Onésima: um árabe num elevador.

E então, em qual você se encaixa?!

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