quarta-feira, 28 de maio de 2008

A 'barriga' da imprensa brasileira em 2008

Por Diógenes de Souza

Semana passada foi divulgada uma notícia sobre um incêndio em uma fábrica de colchões na Zona Sul de São Paulo. Nas informações preliminares uma tragédia havia sido anunciada: um avião da empresa Pantanal tinha se chocado com um edifício nas imediações do Aeroporto de Congonhas.

A Globo News pôs no ar antes de checar a veracidade. Acabou por criar uma barriga (termo que designa uma bobeada de jornalistas) propagada rapidamente por vários outros veículos que asseveraram o erro do canal, e pioraram ainda mais a situação. Logo tudo foi desmentido.

Em artigo no Observatório da Imprensa, Venício A. de Lima observa que justamente o jornalismo das Organizações Globo, que no acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, optou pela cautela para divulgar as informações, cometeu o erro. “A Globo sempre alegou que não poderia ter dado a notícia sem primeiro checar os fatos. A emissora temia as eventuais repercussões que uma notícia dessas – não confirmada – poderia causar na vida de milhares de pessoas”, escreve.

Assim, pudemos conferir o que pode ocorrer na busca pelo furo, quando se dispensa o cuidado devido com a informação e o impacto que ela poderá causar ao ser divulgada. Para nós estudantes, vale o aprendizado de como se comportam as empresas jornalísticas e o que poderemos enfrentar, diariamente, no exercício da tão estimada carreira.

4 comentários:

Rodolfo Menezes disse...

É importante termos acesso a esses casos para que possamos aprender com os erros. Parabéns Diógenes!

Michel Oliveira disse...

Foi interessante a forma como você explicou a presença de "barrigadas" no cenario da imprensa. Sem duvida é tudo questão da corrida pelo furo.

Victor Hugo disse...

E que "barrigada" mais violenta.Imagine se pela "fome" de furo outros jornalistas inventarem de NÃO fazer a devida apuração.É muito importante que os jornalistas estejam cientes do limite e da questão de "oportunidade" com que o furo jornalístico está caracterizado.

Monique de Sá disse...

Não sei se alguém lembra do acidente da TAM. Lembro que William Bonner chegou a dizer que não haviam mortos, apenas feridos. Detalhe neste acidente (o maior áereo no Brasil) morreram 198 pessoas. Do que vale um "furo" se este não tem fundamento? Volto a velha questão, o jornalista tem que ser um investigador dos fatos, não informar por informar.